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Após ser inocentado de matar a ex em 'teste de fidelidade', réu voltará a ser julgado pela Justiça de RO.

Votação da 2ª Câmara Criminal foi unânime em Rondônia. Adolescente foi morta com 13 facadas na cidade de Cerejeiras.

O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) reformou a decisão da 2ª Vara Criminal de Cerejeiras (RO), que absolveu Ismael José da Silva da acusação de ter matado a ex-namorada, Jéssica Moreira Hernandes. A votação da 2ª Câmara Criminal foi unânime, acatou o recurso do Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e determinou que Ismael seja julgado pelo Tribunal do Júri. A adolescente, na época com 17 anos, foi morta com 13 facadas em um suposto “teste de fidelidade”. O crime foi registrado em abril do ano passado.

O acórdão não tinha sido publicado no site do TJ-RO até o fechamento da reportagem, mas a assessoria confirmou que a apelação ministerial foi acatada nessa semana. No recurso, o MP-RO pediu para que Ismael fosse julgado pelo júri popular, assim como o primo dele, Diego de Sá Parente, também acusado pela morte e pronunciado em primeira instância.

“O argumento que usei foi o mesmo utilizado durante todo o processo e nas alegações finais do MP. Os desembargadores compreenderam perfeitamente. Não existiu nova prova. Foram as mesmas que já estavam no processo e que demonstram que Ismael matou a adolescente Jessica durante o teste de fidelidade, com várias facadas”, ressaltou o promotor Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues.

Dessa forma, Ismael volta a ser réu e deve ser julgado pelo Tribunal do Júri. A decisão ainda cabe recurso. A advogada Shara Eugênio de Souza, que defende Ismael, explicou que ainda não foi informada oficialmente da decisão.

Julgamento em 1ª instância
Após duas audiências de instrução, as defesas e o MP-RO fizeram as alegações finais. O órgão ministerial ofereceu denúncia contra Ismael e Diego pelo crime de homicídio, com quatro qualificadoras, e ainda pela ocultação de cadáver. Com isso, sustentou que ambos deveriam ser julgados pelo Tribunal do Júri.

Na época da investigação, Ismael teria matado Jéssica Moreira Hernandes, de 17 anos, por causa de ciúmes (Foto: Facebook/Reprodução) Na época da investigação, Ismael teria matado Jéssica Moreira Hernandes, de 17 anos, por causa de ciúmes (Foto: Facebook/Reprodução)
Na época da investigação, Ismael teria matado Jéssica Moreira Hernandes, de 17 anos, por causa de ciúmes (Foto: Facebook/Reprodução)
Já a defesa de Ismael argumentou que os elementos colhidos durante o processo evidenciou que não existiu autoria por parte dele. O advogado de Diego reiterou as explicações dadas durante as investigações; que o réu somente ajudou a ocultar o corpo e que foi Ismael que cometeu o homicídio, por causa de ciúmes. Ainda ressaltou que Diego ajudou no trabalho da polícia na busca pela verdade.

Em setembro do ano passado, o juiz Jaires Taves Barreto avaliou todas as provas trazidas nos autos e concluiu que Ismael era inocente. Através dos elementos colhidos, o juízo concluiu que Jéssica foi morta no dia 20 de abril, dia em que desapareceu. A morte aconteceu entre às 8h30 e 9h, na casa da mãe de Diego.

Contudo, documentos e testemunhas constataram que Ismael estava na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Cerejeiras, onde trabalhava, no horário da morte de Jéssica. Para acessar o sistema da circunscrição, Ismael precisava inserir um usuário e senha.

Com isso, extratos de movimentação no sistema mostraram que, no momento que a adolescente estava sendo morta, o réu estava utilizando o computador no trabalho. Funcionários também confirmaram que Ismael só saiu da Ciretran após as 10h30 do dia do crime.

O juízo também considerou imagem de câmera de segurança, localizada próxima à Ciretran, que mostraram que o carro de Ismael só saiu do local às 11h16. Além disso, através das mensagens transcritas do celular de Ismael, foi possível conferir que ele mandou uma mensagem para Jéssica às 9h35, perguntando o que ela fazia.

Como não teve resposta, Ismael conversou com a mãe da adolescente, e perguntou se a garota foi para o hospital, já que ela disse horas antes que não estava bem.

Com base nessas e em outras provas, o juiz concluiu que Ismael não teve participação na morte da namorada e determinou sua liberdade.

Diego
Na mesma ocasião, o juízo considerou que, embora Diego negue a prática de homicídio, os indícios de autoria são fortes contra ele. O réu descreveu de forma detalhada a dinâmica dos fatos.

Além disso, conversas registradas em um aplicativo, mostraram que Jéssica foi até a casa da mãe de Diego, conforme o combinado entre os dois anteriormente.

Documentos e testemunhas constataram também que Diego comprou a lona e pediu a caminhonete emprestada. Imagens de uma câmera de segurança mostraram a caminhonete, que supostamente transportou o corpo de Jéssica, passar pela Avenida São Paulo, sentido ao local em que o corpo foi encontrado, às 9h33.

A bolsa de Jéssica foi encontrada na caixa de gordura na residência de Diego. Laudos periciais confirmaram que o homicídio aconteceu na casa da mãe de Diego, mesmo local onde foram encontradas a bicicleta da garota e as duas camisas sujas de sangue, utilizadas por Diego.

Uma testemunha ainda enfatizou que viu Jéssica na casa, conversando com Diego, até que ambos ingressaram no interior da residência, onde aconteceu o homicídio.

Por esses e outros motivos, o juiz concluiu que existe um conjunto probatório para atribuir a Diego indícios suficientes de autoria, e com isso, ser julgado pelo Tribunal do Júri. Ele aguarda o julgamento preso.

Agora, com a mudança da decisão de 1ª instância em relação a Ismael, o advogado Fernando Milani e Silva, que representa Diego, ressaltou que o acórdão do TJ reforça o posicionamento da defesa, que alega desde o início das investigações que Diego não matou Jéssica.

Relembre o caso
Jéssica saiu de casa de bicicleta no dia 20 de abril de 2017. Ela ficou desaparecida por quatro dias e a família mobilizou a cidade em busca de informações. A população fez diversas postagens e compartilhamentos em redes sociais em busca da jovem.

A garota foi encontrada morta no dia 24 do mesmo mês, na Linha 4, zona rural de Cerejeiras. No dia seguinte, o namorado Ismael e o primo dele, Diego, foram presos temporariamente por envolvimento no crime. A mulher de Diego também chegou a ser presa, mas foi liberada por falta de provas.

Diego contou à Polícia Civil que Ismael era um namorado extremamente ciumento, e estava desconfiado da infidelidade de Jéssica. Por conta disso, o chamou para fazerem um teste de fidelidade com a garota. Depois de organizarem o plano, Diego atraiu Jéssica para o local do crime sobre a argumentação de que possuía provas de uma suposta traição d e Ismael.

Crime foi investigado pela Polícia Civil de Cerejeiras (Foto: Aline Lopes/G1) Crime foi investigado pela Polícia Civil de Cerejeiras (Foto: Aline Lopes/G1)
Crime foi investigado pela Polícia Civil de Cerejeiras (Foto: Aline Lopes/G1)
“Diego disse que Jéssica confessou que traiu Ismael, mas talvez ela tenha até mentido na ânsia de receber a informação dele. Alguma coisa que Jéssica falou despertou a ira de Ismael. Segundo Diego, após a confissão, Ismael perdeu o controle. Ele estava com um pedaço de ferro na mão, entrou na cozinha e falou: ‘então é isso’. Nisso a Jéssica vira, leva um golpe na cabeça e desmaia”, disse o delegado Rodrigo Spiça, em entrevista em abril do ano passado.

Em seguida, segundo a versão de Diego, Ismael esfaqueou a namorada até a morte. Eles embalaram o corpo em uma lona e o colocaram na carroceria de uma caminhonete. Diego ficou responsável por limpar os vestígios de sangue da casa e por se livrar da bicicleta, enquanto Ismael escondeu o cadáver, a bolsa e o celular da vítima.

No mês de maio, o delegado pediu a prorrogação da prisão dos suspeitos, e a Justiça acatou o pedido. No início de junho, o celular de Jéssica foi encontrado na zona rural de Cerejeiras e entregue à polícia.
Crime foi investigado pela Polícia Civil de Cerejeiras (Foto: Aline Lopes/G1)
O delegado Rodrigo Spiça confirmou que o aparelho pertencia à vítima e o encaminhou para perícia. Depois disso, Ismael e Diego foram indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Fonte-G1/RO.

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