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Ela não é black bloc', diz pai de jovem detida antes de ato contra Temer

A estudante Taís Luna é uma das 26 pessoas detidas e levadas ao Deic.
Polícia ainda não informou o motivo das prisões.

O pai de uma das jovens detidas antes do protesto deste domingo (4) contra o governo de Michel Temer deste domingo (4) afirmou que não há motivos para a detenção. A estudante Taís Poliquete Luna, 18, é uma das 26 pessoas detidas (18 adultos e 8 menores) pela polícia no Centro Cultural São Paulo, na Rua Vergueiro, Zona Sul de São Paulo, e levada para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Até a publicação desta matéria a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança não havia informado porque deteve os manifestantes. Segundo policiais ouvidos no Deic, os 18 adultos detidos serão indiciados por associação criminosa e corrupção de menores. Eles seguirão para audiência de custódia no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Os oito menores irão responder por atos infracionais e serão ouvidos pela Justiça no Fórum do Brás, no região central.
Segundo o pai de Taís, Marco Aurélo Luna, 43, ela não é uma black bloc. "Ela tinha ido se manifestar. Não pertence a esse grupo", disse Marco, que aguardava informações em frente do Deic. "Soube que ela é os outros maiores serão indicados por associação criminosa a aliciamento de menores". Entre os 26 detidos, há oito adolescentes.
A madrasta de Taís criticou as acusações contra a jovem. "Como podem acusa-lá dessas coisas. Quem está detido nem se conhecia. Não faz sentido o que está ocorrendo com eles", afirmou Alessandra Ferreira.
O Deic investiga se os manifestantes detidos são adeptos da tática conhecida como black bloc, que consiste em depredar símbolos do governo como forma de protesto.
Mais de 19 horas após a prisão, que aconteceu por volta das 16h de domingo, os detidos ainda não haviam sido liberados na manhã desta segunda-feira (5). No Deic, os adolescentes estavam acompanhados pelo Conselho Tutelar, e os 18 maiores passarão por uma audiência de conciliação antes de serem liberados.
O advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, afirmou que pedirá à Secretaria da Segurança Pública para apurar a denúncia de que a Polícia Militar plantou provas com os jovens para incriminá-los. "Seriam paus, pedras que não estavam com eles", disse Ariel.
G1 ainda não conseguiu ouvir os advogados dos detidos.
Protesto
Grupos contrários ao governo de Temer fizeram um protesto em São Paulo neste domingo (4). O ato correu pacífico por cerca de quatro horas. Depois que os organizadores declararam o protesto encerrado, a polícia dispersou os manifestantes com bombas de gás e jatos d´água. Houve correria. Uma agência bancária teve uma vidraça quebrada. Sacos de lixo foram jogados no meio da via no Largo da Batata e pequenos grupos colocaram fogo neles.
(O G1 acompanhou o ato contra Temer em TEMPO REAL. Veja como foi em fotos e vídeos.)
Esta foi a sétima manifestação contra o presidente em uma semana. Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), disse que 100 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar não divulgou estimativa. No auge, a manifestação ocupou três quarteirões da Avenida Paulista.
Em nota no Twitter, a PM disse: "Em manifestação inicialmente pacífica, vândalos atuam e obrigam PM a intervir com uso moderado da força / munição química".
Depois, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que "após os organizadores encerrarem a manifestação, houve um princípio de tumulto na Estação Faria Lima do Metrô, que se transformou em depredação". "Vândalos quebraram catracas, colocando em risco funcionários. A Polícia Militar atuou para restabelecer a ordem pública, sendo recebida a pedradas, intervindo com munição química e utilização de jato d'água", afirmou o comunicado.
A PM também informou que nove pessoas foram detidas com pedras, pedaços de ferro e máscaras e encaminhadas ao Deic. O horário e a maneira como foram feitas as prisões não tinham sido informados até a última atualização desta reportagem.
Cronologia dos eventos:
15h - Começa concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo, Masp
16h30 - Ato começa oficialmente
17h30 - Imagens aéreas mostram 3 quarteirões da Avenida Paulista ocupados
18h - Manifestantes partem em direção ao Largo da Batata, pela Avenida Rebouças
19h30 - Chegada ao Largo da Batata
20h30 - Guilherme Boulos, da organização, declara o ato encerrado
20h49 - PM joga bombas sobre manifestantes
21h06 - Polícia divulga nota no Twitter para explicar atuação
22h29 - SSP diz em comunicado que houve depredação na Estação Faria Lima
Convocada pelas redes sociais, a manifestação foi organizada pela Frente Brasil Popular – formada por movimentos como Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – e pelo grupo Povo Sem Medo, que reúne mais de 30 movimentos sociais, como o MTST.
Além de querer a saída de Temer, os manifestantes levavam faixas pedindo a convocação de novas eleições presidenciais. “Quem diria que, mais de 30 anos depois, os brasileiros e brasileiras precisassem ir às ruas para defender Diretas Já. A voltar a defender o direito de eleger um presidente da República”, disse Boulos.
Bombas na dispersão
Depois que o ato foi declarado encerrado, às 20h30, manifestantes começaram a deixar o Largo da Batata. Um vídeo enviado ao G1 mostra o momento em que uma bomba explodiu. Os manifestantes se assustaram e tentaram entrar na estação Faria Lima, que fica no local onde o protesto terminou. Manifestantes xingavam policiais e gritavam pedindo a abertura da estação (veja abaixo).
Depois disso, começou um corre-corre por diversas ruas nas imediações. Uma agência bancária na rua dos Pinheiros teve os vidros quebrados. Lixo foi jogado nas ruas. A polícia foi atrás dos manifestantes, soltando bombas de gás e jatos d´água jogados por um caminhão blindado.
Mascarados jogaram pedras e coquetéis molotov em direção aos PMs, que revidaram. O artefato explodiu perto de um blindado e ninguém se feriu. Uma bomba de gás lacrimogêneo da PM estourou perto de um ônibus e uma passageira passou mal.
Protesto foi pacífico
A manifestação reuniu pessoas de diversas idades, principalmente jovens. Ainda na concentração, policiais do Choque passaram no meio do ato e foram vaiados. Eles se posicionaram em frente ao Fórum Ministro Pedro Lessa. Em seguida, um manifestante atirou uma lata de cerveja em direção aos policiais, que levantaram os escudos. Não houve revide.
Durante a caminhada, que durou cerca de quatro horas, não houve registros de danos nem de brigas. Mascarados entraram no ato, mas foram obrigados pelos outros participantes a mostrarem os rostos.
Frases de protesto, como “Fora Temer”, eram projetadas em prédios da Avenida Rebouças. O autor da intervenção é o doutorando em poéticas visuais Cauê Maia, de 31 anos. Ele usava uma lanterna potente com ajuste de foco, transparências impressas com diferentes mensagens e uma lupa com distância ajustável, tudo improvisado em um pau de selfie. “A gente desenvolveu essa ferramenta para fazer intervenções poéticas em espaços públicos. Não só em manifestações”, afirmou ao G1. A mãe dele o acompanhava com outro projetor similar.
A caminhada terminou no Largo da Batata. Lá, um caixão representando o governo Temer foi queimado. Quando todo os manifestantes chegaram ao local, as lideranças discursaram contra o governo, pediram novas eleições e ressaltaram que não houve depredações nem violência. Às 20h30, Boulos declarou o ato encerrado.
Mulher protesta em frente aos policias do Choque, posicionados posicionados ao lado da entrada do metrô Faria Lima (Foto: Fábio Tito/G1)Mulher protesta em frente aos policias do Choque, posicionados posicionados ao lado da entrada do metrô Faria Lima (Foto: Fábio Tito/G1)
Após o encerramento do ato, manifestantes começam a entrar na estação Faria Lima do metrô (Foto: G1)Após o encerramento do ato, manifestantes começam a entrar na estação Faria Lima do metrô (Foto: G1)
Após encerramento do ato, policiais jogam bombas de gás lacrimogêneo no Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Após encerramento do ato, policiais jogam bombas de gás lacrimogêneo no Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestante abre os braços posicionado de forma a bloquear a passagem de um blindado do Choque que dispara um jato d'água, durante ação violenta ao fim do protesto contra o governo de Michel Temer no Largo da Batata, Zona Oeste de São Paulo, no domingo (Foto: Miguel Schincariol/AFP)Manifestante abre os braços posicionado de forma a bloquear a passagem de um blindado do Choque que dispara um jato d'água, durante ação violenta ao fim do protesto contra o governo de Michel Temer no Largo da Batata, Zona Oeste de São Paulo, no domingo (Foto: Miguel Schincariol/AFP)
Policiais seguram manifestante após jogarem bombas de gás lacrimogêneo no Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)Policiais seguram manifestante após jogarem bombas de gás lacrimogêneo no Largo da Batata (Foto: Fábio Tito/G1)
Manifestação está reunida no Largo da Batata. No carro de som, militantes da Frente Brasil Popular e do Povo Sem Medo encerram o ato. (Foto: G1)Manifestação está reunida no Largo da Batata. No carro de som, militantes da Frente Brasil Popular e do Povo Sem Medo encerram o ato. (Foto: G1)
No Largo da Batata, manifestantes queimam um caixão e falam em morte da democracia (Foto: Reprodução/GloboNews)No Largo da Batata, manifestantes queimam um caixão e falam em morte da democracia (Foto: Reprodução/GloboNews)

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