Parentes, amigos e ambientalistas querem que a morte seja investigada pela Polícia Federal. A Polícia Civil abriu quatro linhas de investigação. Ari trabalhava no grupo de vigilância do povo indígena.
- Indígena Uru-eu-wau-wau morto em Rondônia vinha sofrendo ameaças havia meses, dizem ambientalistas
- Ari era primo de Awapu, liderança indígena que já sofreu diversas ameaças de morte
Veja abaixo as linhas de investigação levantadas pela polícia:
No local do crime a Polícia Civil verificou que o corpo da vítima e a moto não tinham sinais de impacto e atrito com o solo ou marcas de um tombamento, por isso foi descartada a possibilidade de algum acidente de trânsito.
"Em seguida iniciamos buscas no perímetro, na tentativa de encontrar objetos físicos que propiciassem a identificação do assassinato. Contudo não encontraram fragmentos de digitais ou DNA do assassino, tampouco foi encontrada a arma do crime ou qualquer elemento que possibilitasse sua identificação", explicou o delegado de Polícia Civil, Salomão de Matos, um dos responsáveis pelo caso.
Nos dias seguintes os agentes entrevistaram moradores da região, mas não conseguiram identificar testemunhas presenciais do crime ou pessoas que tivessem conhecimento da autoria e motivação do assassinato.
Na época, um fato que chamou a atenção dos investigadores foi a vítima ter sido encontrada com um aparelho celular e um canivete juntos ao corpo, enquanto sua moto estava do outro lado da via e em pé.
Motoneta foi encontrada ao lado de corpo de indígena Uru-eu-wau-wau em RO — Foto: Reprodução/Portal P1
"Fatores indicativos de que não se trata de crime patrimonial, além de ser provável que a vítima conhecia o assassino e parou para interagir quando sofreu o ataque", lembra o delegado.
No dia 21 de abril do ano passado, a equipe da Polícia Civil esteve na aldeia indígena da Linha 621, onde Ari morava. No local conversaram com o cacique e a viúva, e abriram duas linhas investigativas a partir das informações coletadas.
A primeira é que o homicídio poderia ter sido uma retaliação de homens brancos, pois Ari fazia parte do grupo de vigilância e patrulha pelas terras da Reserva Indígena Uru Eu-Wau-Wau, protegendo o local da invasão de madeireiros, pescadores, caçadores e garimpeiros.
Um ano depois, a polícia diz que não tem nomes concretos das pessoas suspeitas de invadir as terras indígenas para explorar os recursos naturais e que tenham feito ameaças aos vigilantes.
A outra hipótese indicava que Ari foi ofendido e agredido por um homem em um bar do distrito de Tarilândia, meses antes do crime. A polícia localizou o suspeito envolvido nessa briga, mas não surgiram fortes indícios do envolvimento desse homem no assassinato.
Adiante foi aberta uma terceira linha de investigação que teria conexão com um crime de atribuição da PF. "Por conta desta informação, compartilhamos alguns elementos colhidos com a Polícia Federal. E surgiram mais algumas informações mostrando que ela é plausível", disse o delegado.
Em paralelo um quarto rumo investigativo foi tomado depois da quebra do sigilo telefônico da vítima. De acordo com os policiais, essa quarta linha relacionava uma mulher ao assassinato, porém não se sabe a motivação.
"Seguimos colhendo informações, representamos por busca e apreensão em diversos locais. Destas, até logramos êxito em apreender uma arma de fogo e cartuchos, resultando na prisão em flagrante e abertura de inquérito. Houve pagamento de fiança e liberdade da infratora, contudo esta pessoa, arma e munições não tem relação com o ocorrido, só que propiciou descobrir quem efetivamente encontrou o corpo da vítima e o acionamento da Polícia Militar", comentou o delegado Salomão.
Atualmente, a Polícia Civil de Jaru entende que o crime foi praticado em conexão com um crime federal, e portanto o caso de Ari foi relatado com a sugestão de declinação de competência para a Justiça Federal.
Ambientalistas entrevistados pelo G1 dizem que o caso deveria ter sido passado à PF desde o começo.
Fonte G1/RO
0 Comentários