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Bombardeio russo matou civis que esperavam por comida, diz Anistia Internacional

 Investigação indica que ataque foi realizado com oito bombas não guiadas, matando 47 pessoa na cidade de Chernihiv.

Imagem de 2015 mostra prédio atingido por bombardeio russo em Chernihiv (Foto: Google Street View)


Um bombardeio realizado pelas forças armadas da Rússia matou 47 pessoa na cidade de Chernihiv, na Ucrânia, quinta-feira (3) passada. De acordo com a ONG Anistia Internacional, que diz ter investigado as circunstâncias do ataque, trata-se de um provável crime de guerra.

De acordo com a ONG, entrevistas com testemunhas oculares e a análise de vídeos serviram como base para a investigação. A constatação é a de que o ataque foi realizado com oito bombas não guiadas, popularmente conhecidas com dumb bombs (bombas idiotas, em tradução literal), devido à incapacidade de precisar quais alvos serão atingidos.

“O ataque aéreo que atingiu as ruas de Chernihiv choca a consciência. Este foi um ataque impiedoso e indiscriminado contra as pessoas que faziam seus negócios diários em suas casas, ruas e lojas”, afirma Joanne Mariner, diretora de resposta a crises da Anistia. “Este ataque chocante é um dos mais mortais que o povo da Ucrânia já sofreu”.


Imagens do dia 28 de fevereiro obtidas pela ONG mostram uma fila de pessoas do lado de fora do prédio que dias depois seria atingido pelo bombardeio. Segundo testemunhas, cidadãos costumavam formar fila ali para receber comida, exatamente o que faziam algumas das vítimas do ataque russo. Na investigação, a Anistia diz que não conseguiu identificar nenhum possível alvo militar na região.

Alina, uma estudante de 21 anos, estava em casa, perto do local atingido. Os pais dela, que estavam na rua, sobreviveram. “Ouvi um zumbido muito, muito alto e senti nosso prédio tremer. Era como se nosso apartamento estivesse inflando. Então, após dois segundos, ouvi as janelas explodirem no pátio. Nosso prédio tremeu muito. Achei que não haveria mais paredes”, diz ela. “Quando ouvi o zumbido, chamei minha avó para o corredor comigo. Deitamos no chão, e foi isso que provavelmente nos salvou”.

A jovem conta que em um prédio próximo costuma haver uma fila para obter pão. Era para lá que os pais dela se dirigiam, mas resolveram voltar porque a fila estava muito grande. As pessoas que estavam na fila não sobreviveram ao bombardeio.

No vídeo do ataque russo obtido pela ONG, “as munições caindo são visíveis, e o som do que é provavelmente uma aeronave de passagem rápida pode ser ouvido, consistente com as táticas de realizar um ataque desse tipo”, diz a Anistia. “O lançamento de bombas não guiadas em áreas povoadas viola a proibição de realizar ataques indiscriminados. Essas bombas têm efeitos de área ampla e são muito menos precisas do que as munições guiadas com precisão”.

Com base nas evidências coletadas, a entidade cobra do Tribunal Penal Internacional (TPI) uma investigação oficial para apurar crime de guerra cometido pelas forças russas. “Os responsáveis por tais crimes devem ser levados à justiça, e as vítimas e suas famílias devem receber plena reparação”, diz Mariner.

Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.

Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.

De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.

Fonte - A Referencia 

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