As chuvas constantes em Rondônia contribuíram para a elevação dos níveis de rios como o Mamoré e Madeira. Por conta disso, além dos problemas já registrados em Porto Velho, Guajará-Mirim (RO), a cerca de 300 quilômetros da capital, Nova Mamoré e um distrito estão ilhados. As cidades são um dos principais acessos para a Bolívia. O nível do Rio Araras, que desemboca no Rio Madeira, também subiu consideravelmente, e causou a inundação de vários trechos da BR-425 e da ponte histórica da Estrada de Ferro, próximo a Nova Mamoré, o que impossibilita o tráfego. Nenhum veículo passa pelo local; as tábuas estão flutuando e os dormentes, soltos. Guajará-Mirim está em estado de emergência.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Major Nivaldo Azevedo Ferreira, que representa a Defesa Civil em Guajará-Mirim, a ponte foi interditada por não ter condições seguras de tráfego. De acordo com o coronel do Corpo de Bombeiros Lioberto Caetano de Souza, esses primeiros cinco dias são os mais críticos, já que o acesso aos municípios é feito, exclusivamente, pela estrada.
Na terça-feira (11) os bombeiros resgataram um carro com um motorista, que foram levados pela força da água. Há registros de outros condutores que tentaram, sem sucesso, atravessar a ponte. Segundo o major, nem mesmo ambulâncias podem passar pelo local. Aviões e helicópteros já estão à disposição do município para situações de emergência e remoção de famílias. Até mesmo o Rio Beni, que interfere nas cheias dos rios de Rondônia, está sendo monitorado.
O motorista de ônibus Davi Martins lamenta: “Precária a situação. A gente espera que alguém tome uma providência", diz. Para Roger Lebourlegah, que está na região a passeio, a cheia pode prejudicar uma viagem marcada para esta quinta-feira (13). “Tenho que viajar amanhã pra França, eu moro lá e eu não sei como vou fazer. Eles vão ter que achar uma solução, um barco, alguma coisa para fazer baldeação. Tem criança, tem idoso, é complicado", afirma.
"A situação está ficando cada vez mais crítica para Guajará-Mirim e Nova Mamoré. Estou levando minha mãe para fazer exames na capital. E agora?”, questiona o representante comercial Edvaldo Felizardo da Silva.
Em Araras, distrito de Nova Mamoré, cerca de 20 famílias já estão desabrigadas por causa da cheia. É o caso de Domingos Rangel, que conta não lembrar de uma cheia tão devastadora. “A maior cheia que passei aqui foi em 1996, e estava menos que hoje. Há uma semana estou fora de casa, morando com amigos, pra não morrer afogado. Espero que as autoridades olhem por nós", diz o morador.
Apesar dos prejuízos, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) prevê mais chuva para a região, até a próxima semana. Em Guajará, os bairros mais afetados pela enchente são o Cristo Rei e Triângulo. Há trechos de ruas interditados com água do rio Mamoré.
Fonte: Dayanne Saldanha do G1 RO
0 Comentários