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Empresário de RO constrói avião e sonha com fábrica de aeronaves



Construir uma fábrica de aeronaves era o sonho de criança do empresário e piloto Dediel Gomes, de 47 anos. A ideia ficou adormecida com o passar do tempo, mas depois de uma tragédia, a fantasia dos tempos de menino se tornou uma alternativa para impulsionar a vontade de viver. Em 2012, um incêndio destruiu a empresa de semirreboques de Gomes em Ariquemes (RO). O prejuízo de R$ 1,5 milhão o deixou em depressão. Para superar o problema, em maio de 2013, ele deu início ao projeto dos sonhos de infância e estima que a aeronave ficará pronta para voar em 2016.

Gomes tinha uma empresa de semirreboques de fibra de vidro e, no dia 29 de novembro de 2012, um incêndio queimou os equipamentos e todo o estoque do estabelecimento. "Fiquei muito triste. Teve um dia que chorei o dia todo. Foi quando passei em uma rua e vi um avião num outdoor. Cheguei em casa e falei para minha esposa: 'vou construir algo impossível para mim'", lembra.

Ele diz que buscou informações e também usou a experiência de 15 anos como piloto para desenhar o projeto e construiu um protótipo em madeira. "Fiquei horas estudando. O modelo da aeronave é único. Pode haver parecidos, mas não igual. Já pedi o registro para patente", explica. O projeto está sendo executado em um galpão cedido por um colega empresário, que também se tornou sócio na fabricação de peças com fibra de vidro.

O ultraleve terá motor de 100 HP, que já foi encomendado, mas ainda não foi entregue. O modelo dos para-brisas veio pronto para ser instalado. As rodas foram compradas de uma

empresa no Paraná. O restante da estrutura é confeccionado com fibra de vidro e carbono, de forma artesanal por Gomes.
Cada peça tem um molde. O empresário fabrica protótipos e depois as matrizes que servem de forma. "Aplicamos a manta de fibra de vidro ou de carbono no molde, impregnamos com resina e depois vem a secagem, que dura geralmente 12 horas. Fazemos os acabamentos e a peça fica pronta", detalha. Ele acredita que o ultraleve deve ficar pronto para voar no prazo de um ano. Neste período, ele constrói as últimas peças e tenta regulamentar a aeronave na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O modelo experimental deve pesar 380 quilos quando for concluído.
A meta de Gomes é que este avião seja o primeiro de muitos. "Criar um avião do zero e sem dinheiro, não é fácil. Mas nós temos que sonhar grande. Meu objetivo é fazer uma fábrica de aviões em Ariquemes. O mesmo modelo poderá ser usado para aeronaves de quatro lugares com motores de 160 HP. Estamos fazendo devagar e com carinho, e tenho fé que teremos sucesso neste projeto. Agora a depressão já foi embora", ressalta.

Quando Gomes tem dúvidas sobre a construção do avião, ele procura o engenheiro civil Darley Fornaciari Zanetti, que está concluindo o curso de engenharia mecânica. Zanetti, que também é amante da aviação, explica que a construção amadora é liberada pela Anac. Porém, para a aeronave ser regulamentada, é necessário que seja supervisionada por um engenheiro aeronáutico.
Segundo o engenheiro, a vistoria é regida pelo Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica 37 (RBHA), que avalia, entre outros, a estrutura, o material utilizado e o projeto. Além disso, o avião deve passar por 50 horas de voo para ver se atende os requisitos de motores.

O engenheiro explica que o mercado de ultraleves está cada vez maior no Brasil. "Esse tipo de aeronave não pode ultrapassar os 600 quilos, pois se trata de um ultraleve avançado experimental. O próprio piloto é responsável pelo voo", conclui.

De acordo com a Anac, a vistoria é realizada ao término da construção, com o principal objetivo de verificar as condições de voo. O primeiro ocorre após a obtenção do Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave), que é emitido após a vistoria.

FONTE-G1/RO