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Prefeitura de Porto Velho decreta estado oficial de alerta devido à cheia


A prefeitura de Porto Velho decretou oficialmente estado de alerta para uma possível cheia no município. Nesta terça-feira (27), o Rio Madeira atingiu a marca de 15,28 metros, de acordo com medição da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Em 2014, quando ocorreu a cheia histórica, na mesma data, o nível registrado foi 15,15 metros. Ações de prevenção contra os efeitos da enchente já começaram a ser executadas, segundo a Defesa Civil.

Também foi iniciado um trabalho de conscietização das famílias passíveis de serem atingidas para que deixem as casas o quanto antes. A Defesa Civil está oferecendo auxílio com logística de mudança ou na realocação dos possíveis desabrigados, que não tenham onde se hospedar. O número 199, exclusivo para atender demandas da cheia, já está disponível.

Segundo a prefeitura, as iniciativas de prevenções tiveram início desde a constatação, há cerca de duas semanas, de que a cota do Rio Madeira no distrito de Abunã já estava dois metros acima do registrado no ano passado, quando as águas atingiram o pico máximo de 19,74 metros. Famílias de Abunã, Fortaleza do Abunã e Jacy-Paraná já foram cadastradas como possíveis atingidos, e na capital, famílias do Beco do Gravatal, no bairro Nacional, já estão sendo realocadas.

Conforme a Secretaria Municipal de Programas Especiais e Defesa Civil (Sempedec), os possíveis desabrigados não ficarão em escolas, para não prejudicar o ano letivo, e o Abrigo Único, montado no Parque dos Tanques em Porto Velho já está em fase de desativação. "Não estamos falando em barracas", enfatizou o secretário-adjunto da pasta, José Pimentel. A secretaria está elaborando um projeto e providenciando uma licitação para alugar imóveis para as famílias que não tiverem para onde ir.

BRs 364 e 425

Ainda segundo a Sempedec, a pasta realizou uma viagem junto com hidrólogos do Centro Nacional de Alerta e Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), na última sexta-feira (23), para mapear demandas do que pode acontecer nas BRs 364 e 425, que dão acesso ao município de Guajará-Mirim (RO) e ao estado do Acre, que ficaram totalmente isolados no ano passado, devido à cheia dos rios Madeira e Mamoré.

Durante a viagem, foram detectados pontos que podem ficar alagados e que devem ser sinalizados e balizados com antecedência. Segundo a Defesa Civil, falta um metro para a cidade de Guajará-Mirim decretar estado de alerta, já que o Rio Mamoré transborda na cota de 13 metros. Para a BR-425, a Defesa Civil considera três pontos que podem ficar submersos: nas localidades de Misericórdia, Ribeirão e Araras, que ficaram inacessíveis ano passado.

Já os pontos sensíveis da BR-364 estão localizados próximos ao distrito de Jacy-Paraná, Mutum-Paraná, que ficou submerso por aproximadamente 14 quilômetros de extensão, e Abunã. "O primeiro trecho que pode ser inundado, de acordo com o Cemaden, é a área próxima da antiga Mutum-Paraná. Há uma previsão de aproximadamente 10 dias para que isso ocorra", explicou Pimentel.

A BR-364 também está sendo monitorada pela Polícia Rodoviária Federal. Uma régua foi instalada no quilômetro 471 da estrada, trecho que ficou completamente alagado em março 2014, isolando completamente o Acre. Segundo a medição dessa segunda-feira (26), faltam apenas 52 centímetros para o Rio Madeira chegar à estrada. Na medição anterior, em 17 de janeiro, a marca registrava 1,20 metro. Entre 6 e 9 de janeiro, a água estava distante 1,10 metro da via; já no dia 12, o rio estava a 1,30 metro de distância. De acordo com a PRF, a partir da marcação de 0,50 metro, a situação será considerada crítica e a corporação trabalhará em estado de alerta.

Probabilidade de cheia

Segundo o hidrólogo da Cemaden, Conrado Rudorff, há previsão de que em 14 dias o Rio Madeira apresente vazão. A previsão é baseada no monitoramento tanto metereológico quanto hidrológico feito pela Agência Nacional de Águas (ANA).

O acompanhamento da ANA, conforme explicou, indica que a cheia deste ano será expressiva, mas que é antecipado afirmar que pode ocorrer um evento similar ao de 2014. A dúvida se instaura porque, em janeiro, choveu acima da média no Rio Beni, na Bolívia, onde fica a cabeceira do Madeira, mas choveu abaixo da média no Rio Mamoré.

Trabalho conjunto

Foram firmadas parcerias com a Defesa Civil do estado do Acre, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Nacional de Infraestrutura e Trasnportes (Dnit). PRF e Dnit acertaram convênio no sentido de sinalizar e auxiliar na manutenção das estradas Park e Linha 29, canais que possibilitaram tráfego no ano passado, quando a BR-364 ficou intrafegável em alguns trechos.

A Sempedec também informou que está trabalhando junto com a Secretaria de Assistência Social (Semas) um acordo para que famílias que estão em bairros que podem ser atingidos pela cheia sejam levadas para os empreendimentos Orgulho do Madeira e Porto Madeira, antes que o pior aconteça. "Essas famílias retornaram para locais que foram atingidos antes. A Defesa Civil não autorizou o retorno, mas elas voltaram. Estamos trabalhando com o pior cenário", concluiu Pimentel.

Cheia histórica

No pico da cheia, o Rio Madeira chegou à marca de 19,74 metros. Além de isolar o estado do Acre, a enchente histórica atingiu em Rondônia, principalmente, os municípios do Porto Velho, Nova Mamoré e Guajará-Mirim e afetou cerca de 97 mil pessoas, sendo que 35 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas. Os custos para a recuperação total dos locais afetados foram estimados em R$ 4,2 bilhões e o tempo necessário foi calculado em 10 anos.

(Fonte: G1-RO)