Um incêndio no Distrito de Nova Califórnia, ocorrido na última sexta-feira (12), rendeu prejuízos de R$ 1 milhão à Cooperativa Coopereca, localizada na BR-364, quilômetro 1071, em Rondônia. A cooperativa tentou acionar o Corpo de Bombeiros de Porto Velho e Rio Brando (AC), mas sem efetivo e com transporte reduzido, não foi possível fazer o deslocamento e conter o fogo. Sozinhos, os cooperados conseguiram apagar o incêndio que consumiu três barracões.
O fogo consumiu os barracões onde eram produzidos e armazenados óleos de castanha, andiroba, da manteiga de cupuaçu e sementes de pupunha, além de uma grande quantidade de manteiga de cupuaçu que estava em estoque e seria vendida. “Tudo foi perdido”, disse Cássia Lane, cooperada que trabalha no departamento administrativo.
Entre as perdas, um equipamento de prensa para sementes e extração de óleos, foi destruído pelo fogo. O incêndio começou de madrugada e tomou conta dos galpões. Os cooperados tentaram acionar o Corpo de Bombeiros em Porto Velho, mas foram informados de que por causa da distância, cerca de cinco horas de viagem, e falta de caminhão, não seria possível atender a ocorrência. Já na capital acreana, município distante cerca de 150 quilômetros do distrito, o Corpo de Bombeiros alegou que levaria muito tempo para conseguir a documentação necessária para o deslocamento até o local. Os produtores se sentiram lesados e afirmam que na região onde moram vivem sem amparo.
Segundo a cooperativa, cerca de 350 famílias da região foram afetadas, pois sobrevivem com a renda das vendas dos produtos em Rondônia e exportados para várias cidades do Brasil. Apesar da destruição, todos se uniram e pretendem reconstruir o que foi perdido.
Projeto
O Projeto RECA, como é conhecido, significa Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado, desenvolvido por pequenos agricultores que tiram da floresta, alimentos típicos da Amazônia e preservam o meio ambiente. O RECA já recebeu prêmios nacionais e internacionais de preservação ambiental.
Invibabilidade
Ao G1, o Corpo de Bombeiros alegou inviabilidade, explicando que o efetivo está presente em apenas 14 municípios, de 52 existentes em todo o estado. Para o atendimento em Nova Califórnia, que fica a 350 quilômetros de Porto Velho, "ficou inviável enviar uma viatura, pois com a distância e o peso do caminhão, a viagem duraria cerca de sete horas e não seria possível reabastecer, caso fosse necessário".
De acordo com o coronel Nivaldo Ferreira, a capital possui dois caminhões, um com 10 mil litros e outro com 5 mil litros de água. “Como era um incêndio de grande proporção, enviando apenas uma viatura nessa distância, que dura no mínimo 7h de viagem, ficou inviável. Diferente de quando ocorre um afogamento e desaparecimento, que é possível enviarem viaturas pequenas, que se deslocam mais rápido”.
Os engenheiros estão fazendo um levantamento para saber se a cooperativa tinha projeto de prevenção contra incêndio e pânico aprovado junto ao Corpo de Bombeiros.
O projeto que contempla as edificações, com mais de 750 metros, analisa a distribuição e dimensionamento dos extintores e hidrante, reserva técnica de incêndio com água, verificação da bomba de incêndio, se é compatível conforme as exigências, além de
iluminações e sinalizações de emergência. Segundo Nivaldo, o Corpo de Bombeiros notificou a cooperativa em 2014 e também neste ano, para que apresentassem o projeto, mas não obtiveram resposta.
Prevenção
Com o verão, os bombeiros temem pela contenção dos incêndios e alertam para que a população da área urbana evite atear fogo para queimar lixo ou espantar bichos, e na área rural, procurem auxílio quanto à prevenção de queimadas. “Não podemos atender os municípios onde não tem bombeiros, fica difícil enviar as viaturas, deixamos Porto Velho desguarnecido”.
O coronel explicou que o Corpo de Bombeiros possui uma arrecadação própria, onde foram arrecadados cerca de R$ 7 milhões ao ano, sendo possível comprar seis viaturas de combate a incêndio com capacidade de 15 mil litros de água. Os caminhões chegam em 2016 e devem ser distribuídos aos municípios com maior populaçao.
FONTE-G1/RO.