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Mãe de rapaz morto pelo próprio sogro desabafa: 'ele não fez nada de errado'

Segundo Polícia Civil, Lucas foi morto por ter engravidado filha de suspeito.
Ao G1, doméstica diz que filho já pensava na filha vestida após nascimento.

A doméstica Maria Ivone Ferreira, de 48 anos, se emociona ao falar do filho Lucas Ferreira Batista,o jovem de 21 anos que foi morto a pauladas pelo próprio sogro na última sexta-feira (19), em Brasnorte (MT). De acordo com a Polícia Civil, o suspeito assassinou a vítima depois de descobrir que a filha dele, uma adolescente de 15 anos, estava grávida do rapaz. O produtor rural suspeito do crime prestou depoimento na terça-feira (23) e alegou que a filha ficou grávida depois de ter sido estuprada por Lucas.
Maria Ivone Ferrreira, que mora em Cerejeiras (RO), contou ao G1 que Lucas sempre quis assumir a gravidez e que estava muito feliz em ser pai. "Eu só quero que se faça justiça. Eu não aceito que tenham tirado a vida do meu filho. É uma dor tão grande que eu sinto. Ele morreu querendo assumir uma responsabilidade. Tenho a consciência que meu filho morreu sendo homem e não morreu fazendo nada de errado. Eu sei que ele era do bem, porque fui eu que criei e eduquei", diz emocionada.
Ivone, que é mãe de um casal de filhos, explica que toda a família sabia da gravidez da adolescente. No entanto, Lucas teria relatado que o pai da garota era contra o relacionamento e que pedira para se afastar da filha dele. A última conversa entre mãe e filho aconteceu na quarta-feira (17).
Ivone se emociona ao falar de filho assassinado por sogro (Foto: José Manoel/ Rede Amazônica)Ivone se emociona ao falar de filho assassinado por sogro (Foto: José Manoel/ Rede Amazônica)
"Disse a ele para não os procurar, para que esperasse a criança nascer e fizesse o exame. Ele disse que tinha visto um vestidinho e que já via a filha vestida nele. Sempre disse a eles [filhos]; 'vocês são tudo na minha vida'. Tenho orgulho em dizer que meu filho nunca fez nada de errado", relata.

Roupas para o bebê
A irmão Aritana Ferreira Batista, de 28 anos, que também mora em Cerejeiras, conta que no começo da gravidez Lucas teria conversado com o suposto sogro, assumindo a responsabilidade. Porém, o homem pediu para se afastar da filha dele.
"Ele falava que tinha conhecido uma menina e ele mostrava que gostava muito dela. Com dois meses de gravidez, ele ligou e disse que iria ser pai. Estava muito feliz. O sonho dele era ser pai. O sonho dele é que fosse uma menina e de fato é uma menina. No início da gravidez, ele falou com o sogro e o sogro disse para ele não ir mais lá. O pai dela distanciou ele da menina", explica.
Irmã diz que filho era julgado pelo jeito que se vestia (Foto: Eliete Marques/ G1)Irmã diz que filho era julgado pelo jeito que se
vestia (Foto: Eliete Marques/ G1)
Segundo Aritana, o irmão não usava drogas e nunca teve problemas com a polícia. Nas últimas semanas, Lucas alugou uma casa maior, pois a mãe iria mudar para Campo Novo do Parecis.  Ela ainda ressalta que o irmão foi julgado pela aparência.
"Ele usava cabelo diferente e alargador, mas dizia que a aparência não mudava o caráter dele. Ele dizia que era homem. Ele sempre foi carinhoso e amoroso com a família inteira. Na sexta-feira, ele encheu uma mochila de roupinhas de bebê e foi levar para ela. O pior aconteceu, e essa bolsa sumiu", destaca.
A irmã afirma que a adolescente está mentindo, e diz que o relacionamento do casal foi consentido. "Ela veio contar essa história agora, pois ela quer defender o pai dela. Meu irmão teve atitude de homem, coisa que ele [suspeito] não teve. O nosso sentimento é de muita tristeza. Meu irmão foi morto por covardia. Queremos justiça", enfatiza.

Revolta
A atendente Gleilda Moreira Batista, de 27 anos, é tia de Lucas e mora em Campo Novo do Parecis (MT). Ela foi para Cerejeiras acompanhar o velório e enterro do sobrinho, e diz que além da família, os amigos estão muito revoltados com o crime.
"Todo mundo gostava dele, e por isso, tem muita gente revoltada. Ele ficava triste, pois queria acompanhar e ajudar a gravidez. Ele falava muito nisso. Se ele fosse esse tipo de pessoa, ele não tinha amigas. As mães das meninas confiavam nele. Ele sempre quis assumir a criança", diz.
Segundo Gleida, Lucas morava há cerca de um ano em Campo Novo do Parecis, e trabalhava como frentista em um posto de gasolina. Na quinta-feira (18), o sobrinho foi na casa da tia, onde aconteceu a última conversa.
Lucas Ferreira Batista (Foto: Reprodução/ Facebook)Segundo família, Lucas chegou a alugar casa maior para cuidar de filha(Foto: Reprodução/ Facebook)
"Na cidade ele é muito querido. Ele podia ter esse jeito atrapalhado de se vestir, mas era um menino bom. Esse homem é uma pessoa sem coração, assim como a filha dele.  Porque ela não assumiu o erro dela? Porque só depois de sete meses veio essa história de estupro? Agora ele não está aqui mais para se defender. Queremos justiça, e que esse homem pague pelo o que ele fez", se emociona.

Comoção
Uma outra tia de Lucas, que preferiu não ter a identidade revelada, mora em Cerejeiras e diz que o velório e enterro foram marcados pela emoção.  Ela ressalta que amigos e familiares ainda tem dificuldade em aceitar a morte do rapaz, e reitera que Lucas tinha boa índole.
"Essas coisas que estão dizendo não são verdade. Eles estão dando a versão deles.  Ele me disse que era o homem mais feliz do mundo por ser pai. Tinha bom caráter e muitos amigos. Queremos justiça; que ele [suspeito] seja preso. A dor da família é muito grande. A família ficou sem chão. Foi uma crueldade", finaliza.

Depoimento do suspeito.
O produtor rural suspeito de matar Lucas prestou depoimento à Polícia Civil, na terça-feira (23), e alegou que a filha, de 15 anos, ficou grávida depois de ser estuprada pelo rapaz. O delegado que ouviu o depoimento do produtor, André Luis Barbosa, declarou que a versão da família da garota foi esclarecedora. A adolescente acusou o rapaz de ter colocado uma espécie de droga na bebida dela durante uma festa e a estuprado.
"A adolescente alegava que tinha sido vítima de estupro. Ela disse que foi a uma festa, sem o consentimento dos pais, e lá consumiram bebidas alcoólicas. Em um certo momento ela perdeu a consciência e acordou com dor nas partes íntimas. Alguns meses depois ela percebeu que estava grávida. O agressor [Lucas] ficou sabendo e foi tentar assumir o filho", explicou o delegado.
De acordo com o depoimento, a jovem não queria aproximação do rapaz e contou o que houve para os pais, que também não permitiram que Lucas fizesse contato com a adolescente. No entanto, conforme as investigações, Lucas insistia em assumir um relacionamento e o filho.
"Essa situação se arrastou por cinco meses. No dia do crime ele queria levar a menina embora, pretendia sequestrá-la. O pai deu um tiro para cima [como alerta]. Ele não respeitou esse aviso e partiu pra cima dele", declarou André Luis.
Segundo tia de Lucas, velório e enterro foi marcado por comoção (Foto: Reprodução/ Facebook)Segundo tia de Lucas, velório e enterro foi marcado
por comoção (Foto: Reprodução/ Facebook)
O delegado entendeu que o caso se enquadra como homicídio privilegiado. Conforme o Código Penal, o homicídio privilegiado é quando a pessoa age por motivo de relevante valor social ou moral, sob forte emoção ou desespero, logo em seguida à injusta provocação da vítima.
"Eu percebi que é uma família muito correta e antes mesmo disso [do crime] eles já pretendiam assumir a criança e estavam dispostos a criá-la, mesmo sabendo que ela era fruto de uma violência sexual", afirmou o delegado.
Por se apresentar e cooperar com as investigações, o produtor foi liberado depois do depoimento e deve responder por homicídio doloso (quando há a intenção de matar). O corpo de Lucas foi transladado para Rondônia, onde vivem os pais. O corpo dele foi enterrado no domingo (21) emCerejeiras.
Versões
No primeiro momento a polícia havia recebido informações e declarado, com base em testemunhas, de que havia um relacionamento entre o jovem e a adolescente. No entanto, a família da adolescente grávida negou que havia um namoro entre eles e afirmou em depoimento que a garota foi vítima de estupro.
Ainda, o delegado tinha recebido a informação de que o pai teria matado Lucas por não aceitar o suposto namoro e a gravidez. A família da adolescente também contou ao delegado do caso que Lucas tentou assumir um relacionamento e uma gravidez depois que descobriu que a adolescente havia engravidado.
A polícia ainda vai ouvir outras testemunhas sobre o caso, inclusive profissionais do Conselho Tutelar que teriam atendido a adolescente na época do estupro.

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