A primeira vez que Kamilla pisou na Sapucaí foi antes da transformação, na escola de samba da região onde mora, a Vizinha Faladeira, onde também desfilou por anos como passista.
'Eu lutei muito para ser mulher', diz Kamilla Carvalho, 1ª musa trans do Salgueiro
Além do carnaval, ela também trabalha como cabelereira e foi assim que conheceu Regina Celi, presidente do Salgueiro, em um salão de beleza perto da escola. As duas ficaram amigas e ela passou a frequentar a agremição.
Em seu primeiro ano como musa, Kamilla não esconde a empolgação. “Esse vai ser o ano mais marcante de todos. Estou numa ansiedade surreal”, disse.
Este ano o Salgueiro vai levar para a avenida o samba 'Senhoras do ventre e do mundo'. Veja a letra e ouça a música.
1) Como começou a sua relação com o carnaval?
Eu amo carnaval desde criança. Eu sou nascida e criada no Morro da Providência. Minha vizinha de porta é a falecida Dodô da Portela, e eu moro num lugar que é um arquivo do samba. Ali tem os barracões das escolas de samba, então a proximidade é muito fácil, você não precisa se deslocar para estar em contato com o carnaval.
Já. O maior deles foi no aeroporto. Eu estava com umas pulseiras e quando eu passei no detector de metais, apitou. Eu tirei as pulseiras e apitou de novo. Quiseram me revistar e colocaram um homem pra me revistar. Eu não queria, mas falaram que se eu não aceitasse iam ter que chamar a Polícia Federal. No final, eu passei por mais um constrangimento porque eu me atrasei e aí me anunciaram e eu ainda não tinha trocado o meu nome judicialmente. Falaram ‘senhor fulaninho de tal’. Nesse dia eu resolvi trocar [de nome], porque eu nem ligava. Mas, nesse dia, eu resolvi entrar com um processo de mudança de nome. Eu achei uma humilhação.
Quando você pega um público de carnaval, que é uma festa muito abrangente em nível internacional, você vê que um espaço desse deveria ter tido há muito tempo. Várias trans já tiveram destaque. A Ariadna [ex-BBB] , a Roberta Close saiu várias vezes em destaque.
Fonte-G1.
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