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Caça chinês voa a 120 metros de avião dos EUA, e Pequim alega 'invasão' que 'ameaça paz';

 Manobra 'agressiva', segundo as Forças Armadas dos EUA, aconteceu em espaço aéreo internacional sobre o Mar do Sul da China. Pequim diz que aeronave norte-americana invadiu zona de treinamento. Episódio é o mais novo de série de incidentes diplomáticos entre as duas potências.

No mais novo incidente diplomático entre EUA e China, o piloto de um avião militar chinês realizou uma manobra "desnecessariamente agressiva" a 120 metros de uma aeronave de vigilância norte-americana que sobrevoava o Mar do Sul China na semana passada, disse o Exército dos Estados Unidos na terça-feira (30).

Pequim acusou os EUA de invadirem uma área de treinamento (leia mais abaixo) e falou em fim da . Já Washington afirmou que o incidente ocorreu durante um exercício em espaço aéreo internacional.

As imagens, gravadas da cabine do piloto da aeronave dos EUA, mostram o caça chinês J-16 fazendo uma manobra diante de RC-135 norte-americano e provocando, com isso, uma leve turbulência.

Segundo o Comando Indo-Pacífico das Forças Aéreas norte-americanas, o avião chinês estava a uma distância de cerca de 120 metros da aeronave dos EUA.

"O RC-135 estava conduzindo operações seguras e rotineiras sobre o Mar do Sul da China no espaço aéreo internacional, em conformidade com o direito internacional", alegou o comando em comunicado.

Nesta quarta-feira (31), o Exército chinês se posicionou sobre o caso e acusou os EUA de terem invadido uma zona de treinamento das Forças Aéreas do país asiático e disse que a ação minaram seriamente a estabilidade e paz na região.

O porta-voz da embaixada da China em Washington, Liu Pengyu, acusou os Estados Unidos de estar "mobilizando com frequência aeronaves e embarcações muito perto da fronteira da China, o que representa um sério perigo para segurança nacional do país."

"A China pede aos EUA que parem com tais provocações perigosas e parem de desviar a culpa para a China", disse Liu à agência de notícias Reuters.

Ele acrescentou que a China "continuará a tomar as medidas necessárias para defender resolutamente sua soberania e segurança e trabalhará com os países da região para salvaguardar firmemente a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China".

Já um membro do alto escalão do Departamento de Defesa dos EUA disse à agência de notícias AFP que houve um aumento alarmante no número de interceptações aéreas arriscadas e enfrentamentos no mar por parte de aviões e embarcações chinesas, e que essas ações têm o potencial de provocar um incidente inseguro ou erros de cálculo.

As manobras, relatou o membro do governo dos EUA à AFP, seriam uma diretriz das Forças Armadas da China.

Um incidente similar envolvendo um jato chinês e um RC-135 norte-americano já havia acontecido em dezembro, forçando o avião dos EUA a "realizar manobras evasivas para evitar uma colisão", disse, à época, o Comando Indo-Pacífico das Forças Aéreas norte-americanas.

O vídeo que mostra o encontro das aeronaves estava em sigilo, mas os EUA decidiram torná-lo público na terça-feira.


EUA e China

Duas das principais potências militares e econômicas do mundo, os EUA e a China têm protagonizado incidentes diplomáticos e tensões desde o ano passado. Entre uma série de episódios, dois principais deterioram a relação entre Washington e Pequim:

Em fevereiro, os EUA identificaram um suposto balão espião chinês sobrevoando a costa oeste norte-americana. Pequim alegou ser um equipamento de pesquisa que se perdeu, mas o Pentágono alegou espionagem, derrubou o balão e disse ter encontrado equipamentos que captavam e transmitiam sinais de bases militares dos EUA.

Antes disso, a ex-presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, fez uma visita surpresa a Taiwan, que os chineses reivindicam como parte de seu país. A viagem foi considerada como uma provocação pela China, que aumentou o número de exercícios militares ao redor da ilha.

O anúncio deste último incidente ocorre ainda um dia após o Pentágono dizer que Pequim recusou um convite feito pelos EUA para que o secretário da Defesa, Lloyd Austin, se reunisse com o o ministro chinês em Singapura no final desta semana.

Austin e o governo do presidente Joe Biden vêm tentando fortalecer alianças e parcerias na Ásia, em uma tentativa de fazer frente à influência de Pequim na região.

Mas também houve sinais de diplomacia dos dois lados nos últimos meses. Em novembro, Joe Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, tiveram um encontro inédito com tom conciliatório.

Já no início deste mês, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e o alto diplomata chinês, Wang Yi, se reuniram em Viena, e Biden afirmou posteriormente que os laços entre Washington e Pequim devem se reforçar "muito em breve".


Por g1

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