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El Niño: fenômeno climático deve ter impactos na economia e pode afetar preços no país; entenda

 Especialistas projetam efeitos nos setores agropecuário, de bares e restaurantes, de vestuário, entre outros.


O El Niño chegou trazendo um inverno atípico para o Brasil – e, segundo especialistas, pode gerar impactos diretos e indiretos na economia do país.

Temperaturas mais amenas e uma mudança nos padrões de transporte da umidade devem trazer um tempo mais seco no Norte e Nordeste do Brasil e chuvas excessivas no Sul e Sudeste.

Com isso, a expectativa é que o fenômeno interfira direta e indiretamente em diversos setores econômicos, o que pode acabar se refletindo até mesmo em alguns preços pelo país.

De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a estimativa é que o El Niño tenha uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos.

Alguns dos segmentos que podem ser afetados com a chegada do fenômeno climático são:

Agricultura;

Atividade Pesqueira;

Bares e restaurantes;

Vestuário;

Setor elétrico;

Segmento farmacêutico; entre outros.

Entenda os impactos que o El Niño pode ter na economia brasileira e mundial e como ele pode afetar o seu bolso.


Culturas agrícolas e pecuária

O efeito mais perceptível com a chegada do El Niño é na agropecuária. Primeiro porque as mudanças de temperatura e no ciclo de chuvas podem interferir, tanto positiva quanto negativamente, em várias culturas agrícolas que existem em diferentes regiões do país.

Além disso, especialistas também citam eventuais efeitos na produção de ração de gado, que é influenciada pelas safras de milho e soja, e na atividade pesqueira – que, por sua vez, pode sofrer com a mudança de temperatura dos oceanos.

Segundo a professora da Fundação Instituto de Administração (FIA) Business School Gleriani Ferreira, caso as previsões se confirmem e o El Niño deste ano seja um dos mais intensos das últimas sete décadas, os efeitos no setor podem ser diversos.

“Toda mudança brusca que acontece na temperatura e na quantidade de chuvas altera o ritmo da produção agrícola e pode se refletir em diferentes setores da economia”, afirma a professora.

“Qualquer abalo significativo na produção da cana-de-açúcar pode trazer um aumento nos preços dos combustíveis, por exemplo. Já impactos nas culturas de soja e milho tendem a se refletir na ração de gado e podem acabar eventualmente alterando até os preços da carne”, acrescenta Ferreira.

E como o fenômeno tem efeitos no mundo todo, outros países também serão impactados pelos efeitos climáticos – o que pode acabar influenciando na balança comercial brasileira.

“É preciso ter em mente que somos um país agrícola e que depende muito da exportação de produtos in natura. Além disso, também precisamos pensar naquilo que importamos. Se houver uma quebra de safra do trigo que o Brasil traz de fora, por exemplo, também veremos impactos nos preços”, diz a professora.


Do sushi à cervejinha

Os impactos do El Niño na agropecuária se refletem, ainda, na alimentação dentro e fora de casa.

Além de um possível aumento de preços em alimentos vendidos em supermercados – tanto naqueles que tiveram a cultura diretamente abalada pelo fenômeno como nos que usam produtos afetados como matéria-prima –, empresários também preveem impactos no setor de Bares e Restaurantes.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o aquecimento dos oceanos pode diminuir a disponibilidade de peixes de água gelada – como o atum, por exemplo, que é um dos mais usados nas cozinhas japonesas e asiáticas de maneira geral.

Outro ponto é que, caso as preocupações com as safras de cereais se concretizem, especialistas também projetam impactos em alimentos e bebidas que usam esses produtos como matéria-prima, como o pão francês e até a cerveja.

De acordo com o vice-presidente da Abrasel, Leonel Paim, os impactos do El Niño devem forçar o segmento a fazer alterações no menu de produtos oferecidos para minimizar os efeitos nos custos.

“De maneira geral, restaurantes devem usar produtos mais locais, como peixes da Amazônia ou de cativeiro, ou acabar trocando os pratos oferecidos no menu. Precisamos acabar driblando os efeitos nos preços porque o nosso cliente dificilmente aceita que [esse custo] seja repassado no preço final”, diz o executivo.


Roupas, luz e remédios

O inverno de temperaturas mais amenas e clima mais seco também deve trazer impactos em outros segmentos da economia. No caso do setor de vestuário, por exemplo, há estimativas de que a demanda por roupas de frio não seja tão grande e acabe parcialmente afetado as vendas.

Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTex) Edmundo Lima, o segmento depende bastante de um clima que seja condizente à estação para conseguir adequar as coleções que disponibiliza.

"A chegada tardia ou a passagem mais rápida de uma estação, como os meteorologistas preveem para este inverno com o El Niño, pode fazer com que a coleção de inverno seja comercializada em liquidação”, afirma.

O executivo destaca, ainda, que esse é um dos motivos para cada vez mais varejistas contarem com “uma gestão de estoques bastante eficiente, para evitar excessos e atender as demandas”. “O planejamento das coleções é influenciado também pelo clima", acrescenta Lima.

Os especialistas destacam, ainda, os efeitos indiretos do fenômeno na economia. A redução nos reservatórios das hidrelétricas – que é comum em eventos como esse por conta da menor incidência de chuvas em determinadas regiões – pode afetar o setor elétrico, por exemplo.

Além disso, outro ponto de atenção é em relação à saúde pública, que também pode ter alguns efeitos no setor farmacêutico. Na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que está se preparando para uma disseminação maior de doenças virais associadas ao El Niño.

“A OMS está se preparando para a muito alta probabilidade de que 2023 e 2024 sejam marcados pelo evento El Niño, que pode aumentar a transmissão de dengue e outras das chamadas arboviroses, como Zika e chikungunya”, disse o diretor-geral da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesu na última quarta-feira (21).













Por Isabela Bolzani, g1


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