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Como o tráfico de drogas do Equador cresceu por influência dos cartéis mexicanos

 Aumento da violência no país tem relação com crescimento de grupos vinculados a grandes cartéis de drogas, especialmente vindos do México. Narcotráfico e influência internacional fazem com que a política local sofra e tenha dificuldades em conter o avanço do crime organizado.

Ataques de criminosos, sequestros e execuções levaram o presidente do Equador, Daniel Noboa, a decretar que o país passa por um "conflito armado interno" na terça-feira (9).

A crise de segurança que hoje assola a população equatoriana, no entanto, era impensável anos atrás. A influência de outras nações (principalmente latino-americanas) tornou o país, que era considerado pacífico e um "oásis" em meio à violência da Colômbia e do Peru, cada vez mais violento.

Nos últimos anos, o Equador é afetado pelo crescimento de grupos vinculados a grandes cartéis de drogas, especialmente vindos do México, principalmente o Cartel de Sinaloa e o Cartel de Jalisco Nueva Generación.

O Cartel de Sinaloa é considerado pela ONU como uma das maiores organizações criminosas do mundo. O grupo nasceu na cidade de Culiacán, que era o polo do contrabando mexicano no início dos anos 90 e domina boa parte das operações no país.

Sua atividade no Equador e na Colômbia deu origem à gangue Los Choneros, um dos maiores e mais violentos grupos da região.

Já o Cartel de Jalisco Nueva Generación foi criado por um ex-integrante do Sinaloa que reuniu homens mais violentos na intenção de dominar outras regiões. Foi desse grupo que surgiu a gangue Los Lobos.

Ambos os cartéis estão envolvidos com o tráfico internacional de drogas, especialmente de cocaína, e encontraram no Equador um terreno fértil para fazer negócios.


Crise financeira facilitou o recrutamento de jovens

Desde 2017, o Equador vive uma crise econômica gerada pela queda nas vendas do petróleo, que é o principal produto de exportação. O cenário, agravado pela pandemia, resultou no aumento do desemprego e na piora das condições de vida, facilitando o recrutamento de jovens pelo crime organizado.

Isso levou os governantes do país a aumentarem a rigidez no combate ao crime, e medida casou um crescimento significativo da população carcerária — e fez dos presídios berços de novas facções.

As células desses cartéis se fortaleceram tanto ao longo do tempo que os grupos passaram a dominar algumas regiões do país, especialmente aquelas que têm acesso livre ao mar, mostra um relatório divulgado pelo Escritório de Drogas e Crimes da ONU (UNODC) em 2023.


Fator geográfico

O acordo de paz assinado entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016 fulminou os cartéis que chegaram a dominar cidades inteiras do país. Mas, em vez de ser extinto, o mercado de drogas acabou migrando para regiões no Equador.

Lá, narcotraficantes encontraram as brechas que precisavam para seguir operando: uma política de segurança pública pouco especializada no crime que cometem combinada ao fator geográfico.

O vácuo no domínio do tráfico de drogas na região também atiçou a cobiça dos cartéis equatorianos, mexicanos e até da máfia albanesa, segundo o cientista político especializado em América Latina Will Freeman, do Conselho de Relações Exteriores, think tank dos Estados Unidos.

“Depois do acordo, grupos do Equador começaram a brigar por esse espaço. Percebendo uma oportunidade, grupos criminais estrangeiros logo também entraram na batalha”, afirmou em entrevista.

A localização geográfica do Equador também é um ponto importante do processo:

Vizinho do Peru e da Colômbia (dois dos maiores produtores da folha de coca do mundo).

Grande acesso ao mar (mais de 2 mil km de costa ligada ao Oceano Pacífico).

Proximidade dos países norte-americanos (grandes compradores desses produtos).

Acesso fácil ao Canal do Panamá (utilizado para enviar drogas para a Europa).
















Por Victor Cinzento, Giuliana Viggiano, g1


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