Mais de 400 pessoas desapareceram somente nos primeiros meses de 2024. Jovens com idade acima dos 18 anos representam a maioria dos casos.
Fonte G1/ROAnos depois do desaparecimento, o sentimento da família de Nataly é de revolta por falta de respostas. Em 2023, o g1 conversou com a mãe da jovem que contou a apreensão que vive por não saber o que aconteceu com a filha:
Os jovens com idade acima dos 18 anos representam a maioria dos casos: mais de 1,3 mil pessoas. Já os menores de idade (0 a 17 anos) correspondem a 26,85% dos desaparecidos. Outros 3.79% dos casos não tiveram a faixa etária informada, conforme revelam os dados.
Na região Norte, mais de 11 mil pessoas desapareceram nos últimos três anos. O ano de 2022 foi o que registrou o maior número de desaparecimentos, com 4.968 pessoas contabilizadas, segundo o Ministério da Justiça.
Quase 2 mil pessoas desapareceram entre 2022 e maio de 2024 em Rondônia, segundo dados da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Os homens são as principais vítimas.
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em menos de três anos foi registrado o desparecimento de 1978 pessoas em Rondônia. Em média, são 2 desaparecidos por dia.
Veja os dados:
2022: 736 pessoas desaparecidas;
2023: 817 pessoas desaparecidas;
2024 (até o mês de maio): 425 pessoas desaparecidas.
De acordo com os dados, os homens são as principais vítimas. De 2022 a maio de 2024, desapareceram mais de 1,2 mil pessoas do sexo masculino. As entre as vítimas mulheres foram contabilizadas 692 desaparecimentos.
🔎Os dados sobre pessoas desaparecidas no Brasil atualmente possuem duas principais fontes: Sinesp-VDE e o Relatório Estatístico das Autoridades Centrais. O Sinesp- VDE é um painel estatístico produzido pela Diretoria de Gestão e Integração de Informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
‘Vou ficar o resto da vida sem saber o que aconteceu?'
Há quase dois anos, Nataly Souza saiu da casa onde morava com os pais dizendo “vou ali". Desde então, ela não foi mais vista. O caso aconteceu no distrito de Nova Dimensão, em Nova Mamoré (RO). Os familiares e amigos ainda esperam por respostas sobre o caso que permanece sem desfecho.
“A gente está aqui nessa situação sem nenhuma resposta. Não tem mais desculpa, o que estão esperando? Vai ficar por isso, como se nada tivesse acontecido? Eu vou ficar aqui o resto da minha vida sem saber o que aconteceu realmente naquele dia com ela?”, cobra a mãe, Margareth de Souza.
A família de Nataly defende a tese de que ela foi morta e teve o corpo ocultado. Os pais acreditam que o suspeito está solto e “vivendo a vida normalmente”.
No entanto, de acordo com o delegado responsável, o caso ainda é investigado e tratado como desaparecimento. Ele aponta que não há comprovação de morte e que outros detalhes não podem ser divulgados para não atrapalhar a investigação.
Ainda conforme o delegado, questões de “ordem técnica” dificultam o desfecho do caso, como a falta de sinal telefônico que impossibilita o rastreamento do telefone de Nataly. Outro fator seria o medo que a população do distrito tem de colaborar com a polícia, por medo de represálias.
Segundo o boletim de ocorrência feito pela mãe de Nataly, a jovem saiu de casa em 14 de setembro, por volta das 21h, dizendo que logo voltava e desde então não foi mais vista. A mãe também disse que a filha era ameaçada por uma pessoa de Nova Dimensão e outra pessoa do Acre.
Familiares e amigos chegaram a fazer manifestações e interditaram a BR-421 no por três dias no mês de setembro. A ideia era chamar a atenção das autoridades de segurança pública para que investigassem o desaparecimento de Nataly.
Pessoas localizadas
Segundo os dados da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, entre 2022 até maio de 2024, apenas 67 pessoas que estavam desaparecidas foram encontradas em Rondônia. Não há uma média diária.
2022: 8 pessoas localizadas
2023: 37 pessoas localizadas
2024 (até o mês de maio): 22 pessoas localizadas
Ossada encontrada depois de 10 anos
No início de 2024, os exames laboratoriais apontaram que uma ossada humana encontrada em Vilhena (RO) em setembro de 2023 pertence à jovem Joice Barros de Oliveira, que desapareceu há mais de 10 anos após sair de casa para ir até uma festa de casamento.
O caso que era tratado como desaparecimento deve ser reaberto como homicídio. Segundo a polícia, uma corda encontrada ao lado dos ossos aponta que a jovem foi amarrada.
A ossada foi encontrada em setembro de 2023, no bairro Cidade Verde II, em Vilhena, por um morador que escavou o local para iniciar uma obra. Na época em que Joice desapareceu o bairro não existia: a região era apenas um matagal.
A polícia apontou, à época, que esse era um dos casos mais misteriosos já registrados na cidade. Por anos, a polícia buscou informações mas não encontrou nada que pudesse indicar o paradeiro da jovem. Joice tinha 18 anos quando desapareceu, no dia 18 de dezembro de 2013.
O que diz a Polícia Civil?
Em nota á Rede Amazônica, a Polícia Civil de Rondônia informou que, em relação aos casos de pessoas desaparecidas recentemente reportados, não há informações precisas para divulgação oficial.
Explicou ainda que, em diversos casos, os comunicantes não têm retornado à delegacia para informar o retorno dos seus entes desaparecidos.
"Reiteramos a importância de que familiares e responsáveis comuniquem prontamente qualquer informação relevante às autoridades policiais, garantindo assim o adequado encerramento dos procedimentos investigativos e a segurança das pessoas envolvidas", explicou.
Por Redação
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