O governo da China anunciou no domingo (5), durante a abertura do Congresso Nacional do Povo, que vai ampliar em 7,2% o orçamento de defesa neste ano. Li Keqiang, primeiro-ministro que está deixando o cargo após uma década, afirmou que a meta de Beijing com o fortalecimento de suas forças armadas é “aumentar a preparação para o combate”, de acordo com a agência Reuters.
Em 2023, o gasto militar projetado pelo governo chinês será de 1,55 trilhão de yuans (R$ 1,16 trilhão), marcando o oitavo ano seguido de aumento. Embora seja o segundo maior orçamento de defesa do mundo, ele ainda mantêm Beijing bem atrás dos EUA, que investiram US$ 801 bilhões (R$ 4,16 trilhões) em 2021, de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (Sipri).
Apesar da desvantagem, o crescimento do poder militar chinês sob o governo do presidente Xi Jinping é notável. Com o dinheiro investido nas forças armadas nos últimos anos, o país asiático tem hoje a maior marinha do mundo, à frente da norte-americana, o maior exército permanente do mundo e um arsenal balístico e nuclear capaz de rivalizar com qualquer outro.
A marinha chinesa tem dois porta-aviões ativos e 360 navios, no que supera inclusive os EUA, estes com 300 embarcações militares. Já o exército permanente chinês tem cerca de dois milhões de soldados, maior que o de qualquer outra nação. A Índia é a segunda maior força do tipo no mundo, com cerca de 1,4 milhão de tropas, contra 1,35 milhão dos EUA, de acordo com o site World Atlas.
O arsenal nuclear da China também tem aumentado num ritmo muito maior que o imaginado anteriormente, levando a nação asiática a reduzir a desvantagem em relação aos Estados Unidos nessa área. Relatório recente do Pentágono sugere que Beijing pode atingir a marca de 700 ogivas nucleares ativas até 2027, tendo a meta de mil ogivas até 2030.
E o crescimento militar do país asiático tende a continuar nos próximos anos, segundo Li. “Nossas forças armadas, com foco nas metas para o centenário do Exército Popular de Libertação (ELP) em 2027, devem trabalhar para realizar operações militares, aumentar a preparação para o combate e aprimorar as capacidades militares”, disse ele no Congresso.
Invasão à vista
O investimento chinês em suas forças armadas está diretamente relacionado à questão de Taiwan, o que gera tensão também com os EUA. Durante o Congresso, Li voltou a afirmar que a China adotará “medidas resolutas para se opor à independência de Taiwan e promover a reunificação”. Porém, como tem sido habitual, disse que a opção militar não é prioritária: “Devemos promover o desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito e avançar no processo de reunificação pacífica da China”.
Como a solução pacífica é improvável, vez que Taiwan não pretende abrir mão de sua democracia, uma invasão está no radar. Xi deixou isso claro em outubro do ano passado, no 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), ao dizer que seu país “nunca prometerá renunciar ao uso da força” e que “reserva a opção de tomar todas as medidas necessárias”.
Para alguns analistas militares, porém, a invasão não é iminente, vez que mesmo o aumento constante do orçamento de defesa não capacita o ELP a conquistar Taiwan. É o que pensa, por exemplo, William Burns, diretor da CIA (Agência Central de Inteligência). Segundo ele, o cronograma do ataque à ilha é compatível com a projeção feita por Li no Congresso Nacional do Povo.
“O presidente Xi instruiu o ELP, a liderança militar chinesa, a estar pronto em 2027 para invadir Taiwan”, disse Burns no final de fevereiro, segundo a rede Deutsche Welle (DW). “Acho que, pelo menos é o nosso julgamento, o presidente Xi e sua liderança militar têm dúvidas hoje sobre se eles poderiam realizar essa invasão”.
Por redação - matéria estriada da referência
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