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Com cheia de rios, indígenas têm plantações destruídas e ficam sem água potável em Guajará-Mirim, RO

 Deputada fez denúncia na Assembleia Legislativa. Missionária do Cimi alerta que problema é estrutural e soluções precisam ser pensadas para além das medidas paliativas.

Os indígenas que vivem na região de Guajará-Mirim (RO) estão sofrendo com as cheias dos rios. Uma parlamentar do estado denunciou o caso na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) e, de acordo com o Conselho Indigenísta Missionário (Cimi), a situação atinge outros povos no estado.


A elevação no nível das águas fez com que indígenas perdessem as plantações. A falta de água potável também é um problema enfrentado. Pelo menos cinco aldeias foram atingidas na região do Pacaás Novos, todos da etnia Wari.


"Está muito alagado em decorrência da cheia, os poços artesianos estão cobertos devido a alagação, muita gente [está] passando necessidade justamente porque não tem terra firme, e a situação de perda de plantio, de lavoura de subsistência. O principal, tem muita criança doente em decorrência da água contaminada. Eu fiquei extremamente preocupada e fiz questão de trazer para o parlamento", relata a deputada estadual Taíssa Sousa (PSC).



Segundo a deputada, parcerias com a iniciativa privada viabilizaram cestas básicas e água para a região. Pelo menos 2,5 mil indígenas na região de Guajará-Mirim estariam sendo diretamente impactados pela cheia.


O Cimi, no entanto, alerta que pelo menos três territórios no estado estão sofrendo com a mesma situação.


"Essa situação que ocorre em Guajará-Mirim não é uma situação que ocorre nesse momento só em Guajará. Temos no estado de Rondônia três territórios que estão impactados diretamente por essas inundações. Karipuna na região de Guajará-Mirim e o povo Tupari na Terra Indígena Rio Branco", explica a missionária Laura Vicunã.


"A grande crise climática na Amazônia, sobretudo com esse desmatamento exorbitante que a cada mês vai crescendo mais e mais, é claro que isso tem consequência direta nos povos que vivem às margens dos rios".

A missionária também explica que as dificuldades sofridas na região não são apenas uma eventualidade, mas um problema estrutural.


"O que acontece hoje na região de Guajará-Mirim é essa inundação e pela segunda vez o povo sofre isso. Em 2014 com as grandes cheias o povo também sofreu isso. É uma situação na verdade estrutural. Não é uma situação pontual que teve uma alagação e as pessoas perderam suas casas e tiveram que sair. Perderam toda a sua fonte de subsistência, perderam as suas roças, e isso deixa o povo e extrema vulnerabilidade na questão alimentar, mas também uma vulnerabilidade social", diz.


Para Laura Vicunã, é preciso pensar além das ajudas paliativas, como a distribuição é água e cestas básicas.


A Rede Amazônica entrou em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para saber o que está sendo feito pelos povos na região, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.


A Defesa Civil Municipal de Guajará-Mirim informou que, em parceria com o Estado, distribuiu fardos de água mineral e cestas básicas. Segundo o órgãos, todas as regiões atingidas foram atendidas.


Outras comunidades ribeirinhas e extrativistas também foram atingidas e receberão ajuda em breve. Ao todo 20 famílias nessa região foram atingidas.



A Defesa Civil Estadual informou que 45 famílias indígenas foram afetadas na região de Guajará-Mirim e que foram entregues 35 cestas básicas e 400 fardos de água. As entregas contaram com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Funai.


A Defesa Civil ainda informou que atendeu outras terras indígenas que passaram pela mesma situação em Porto Velho e Alta Floresta D'Oeste.

Fonte - G1/RO

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