Redes varejistas com alta margem de lucro e custos de outras etapas da cadeia do alimento - como o abate por frigoríficos e o preço da gasolina - têm segurado o valor nas prateleiras. Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) foi divulgado nesta terça-feira (12).
🐮 Tem mais boi no pasto: o Brasil está em um período com uma grande oferta devido ao aumento do abate de fêmeas, o que desvaloriza o preço no mercado. Esse movimento já era previsto, aponta o analista Iglesias.
Esse processo faz parte do que é chamado de ciclo pecuário. Se trata de quando os produtores seguram as vendas dos animais porque estão valorizados no mercado, o que vai elevando o preço da carne. Foi o que aconteceu, por exemplo, no ano passado.
Com isso, as vacas continuam reproduzindo até que haja muitos bezerros no mercado. Então, os preços caem e volta a acontecer o abate das fêmeas, levando mais carne para as prateleiras, que é o momento atual, explica o analista.
Outro ponto que aumenta a oferta de carne e barateia os custos no campo é o clima, que está ajudando a melhorar a qualidade do pasto, por causa do maior volume de chuvas, permitindo que haja menos gasto com rações, aponta Serigati.
O gado que se alimenta de ração também está comendo bem, uma vez que houve queda no preço de grãos, como soja e milho, que recuaram 20% e 30% nos últimos 12 meses, respectivamente, segundo dados do Cepea.
Ainda assim, por causa dos custos de outros pontos da cadeia, essa economia não é repassada ao consumidor na mesma intensidade.
🛒Tem menos gente comprando carne: apesar de a queda do preço da carne nos supermercados, ela ainda não está barata. Em paralelo, o preço do frango também está em queda. Em agosto, por exemplo, o frango inteiro ficou 7% mais barato nos últimos 12 meses.
Na comparação do custo-benefício, a ave acaba saindo mais em conta, já que na comparação com a bovina, é possível levar maior quantidade por um mesmo valor, explica Serigati.
✈️Importação pagando menos pela carne: entre 2019 e 2020, um dos fatores que elevaram o preço da carne foi a alta demanda da China pelo produto brasileiro, hoje este quadro é invertido.
"A economia chinesa passa por dificuldades, a moeda chinesa está muito desvalorizada e isso está fazendo com que os importadores chineses baixem os preços em dólar da carne bovina no mercado internacional", explica Iglesias. Com isso, a carne acaba desvalorizada.
Deste modo, embora o volume exportado pelo Brasil continue bom - apesar de uma leve contração comparado com o ano passado -, existe queda da receita. "Então, a gente conseguia colocar a nossa carne no mercado por US$ 6 mil a tonelada. Agora, a gente está colocando por US$ 5,5 mil", compara Serigati.
📉"Fundo do poço": para o consultor Iglesias, a queda do preço do boi ao produtor está chegando ao fim e deve se estabilizar, porém sem expectativas de quando deverá voltar a subir. "Já está mantendo um padrão de negociações ali entre R$ 190, R$ 200 por arroba, já é uma boa notícia", comenta.
Por Vivian Souza, g1
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